segunda-feira, 17 de julho de 2017

Tenho na boca

     Tenho na boca


Proibido desejei os lábios de cetim… 
Renegado pela consciência da mentira
Destruída do incorpóreo ser, e assim
Tudo no ouro arde quando o vento vira…

Refugiada na reluzente miragem, 
Soprava, no cântico dos vencidos,
A tua cianogénica imagem,
Pelos anseios em mim definidos.

Debaixo do teu infame olhar 
Escondeu-se do rosto o engano.
No virgem proscénio, o gosto humano 
De quem me queria amar

Mas, no corte abissal da minha boca
Jorrava do sangue a chama louca
Que algo mais que a saliva fizeram ter: 
- Em ti, o desejo e trono do prazer!


poema da obra: Ilhéu Revolto