domingo, 9 de agosto de 2015

Ruva Nai

     Ruva Nai


Os lábios ressequidos pela loucura
Desejam tocar a tua pele virgem.
A loucura é que começo a amar,
Só porque o cheiro da tua pele não é meu.

Magoa-me não sentir o teu corpo,
As pequenas agulhas, que dilaceradas na alma,
Fazem do afastamento um esticão do tempo,
Que vai distorcendo este meu corpo insaciado.

Vejo ainda as manhas frias batendo-nos de madrugada
Quando nós dois bebíamos juntos do amor.
Os dias, gélidos, faziam-nos amar o céu chuvoso e a lama,
Talvez o único sítio onde as nossas mentes penetraram.

Tenho uma decrepita vontade de chorar nestes dias,
O insignificante gosto pela podridão dos subterfúgios dolorosos
- É que a depressão é a janela do céu e ela abate-se sobre mim.
Agora escuto apenas o movimento longínquo dos nossos corpos!

Ai! Queria voltar atrás, mas agora os lábios ardidos,
Desejam apenas palavras que complementem a alma.
Ainda vestes a minha alma quando falas com os outros?
Ou novas são as tonalidades de ardência que corrompem o coração?


poema da obra: Ilhéu revolto

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