Gato pardo que olhas no escuro
Sorrateiro sobre as pedras do passeio
De relance nos teus olhos, o meu futuro
Animal esguio, do meu anseio.
Por entre o véu que cobre o mundo
Exalo gotas de desespero profundo
Que brotam rudemente da boca
Enquanto consumo a fuga louca
Por entre frascos e cacos de vidro
Películas e papéis. Procuro o proibido
Muito para além de tal trágico vulto
Nada mais resta, senão piedoso indulto
Olhos penetrantes de feitiço como a lua
Pousados sobre o veludo debaixo do telhado
De negro xisto onde o destino está selado
E agora a minha alma é toda tua!
poema da obra: Ilhéu revolto
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